quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Metamorfose

Era meia noite, o sol ainda brilhava no horizonte, quando um jovem velho chamado José com o nome de João deitou sentado em um banco de madeira feito de pedra, fechou os olhos e começou a olhar ao seu redor, muito atento mais distraído observou que: O mundo não era mais o mesmo e a paisagem ao seu redor sofrera constantes modificações; a árvore que tava ali virou cama e mesa da casa do André, cadeira e jornal pro José, as pedras sumiram, o rio que corta a cidade virou esgoto a céu aberto e no momento lhe causava profunda repugnância olfativa. A seringueira perdida no meio da cidade transformou-se em pneu no carro do Antonio e chinelo para o filho de Sebastião. A castanheira que tava no jardim da praça vai ali ao chocolate que o filho da Maria vai comendo. O jacaré que tomava banho de sol no rio que virou esgoto agora é aquela bolsa que vai aos ombros da Joana. As ovelhas que de vez em quando atrapalhavam o trânsito da cidade vão ali ó escondendo a nudez da Fernanda. A cobra virou cinto, a floresta virou pasto, os perfumes das flores agora estão nos sabonetes, nos desodorantes... Na montanha que tinha ali agora passa um viaduto. E o sol que se punha por detrás da montanha? Continua se pondo, só que agora por detrás do viaduto e acompanhado de uma garoa, como se a natureza estivesse chorando! Chorando por quê? Chorando pelo por do sol a meia noite, pelo jovem que ficou velho, pelo banco de madeira feito de pedra, pela árvore que se transformou, pelo rio importante, pelo jacaré que morreu, pela cobra que faleceu, pelo rebanho que desapareceu, pelo pneu do carro do Antonio que ficou careca e lhe causou um acidente, pelo prego que entrou no pé do filho de Sebastião que usava o chinelo de borracha da seringueira perdida no meio da cidade...


By: Carina Menezes